Capítulo 3 - Decisões?



~SONHO ON~


- Para de empurrar ! – gritou para seu amigo que empurrava a balança – Estou com medo.

-Para de ser medrosa . Você não disse que conseguiria? Então, me prove – ele disse empurrando com mais força a balança.

- Eu consigo ok?! Só que eu não quero mais fazer isso – ela disse apertando as correntes contra suas mãos.

- Você é uma mentirosa, isso sim. Não acredito mais em você - ele disse parecendo decepcionado.
Não estava decepcionado. Ele sabia que odiava quando as pessoas não acreditavam nela. Um belo truque para um garoto de 8 anos.

- Não diga isso , por favor. Eu provo pra você. Eu pulo - dizendo isso a menina tomou impulso e se jogou ao vento. Bem, não foi uma boa ideia.

caiu por cima de uns dos seus braços. O garoto que antes a empurrava agora estava de joelhos ao seu lado, com uma expressão preocupada.

- Você esta bem ?

- Dói muito. – a menina disse entre um gemido de dor.

- Onde dói? - ele disse tentando levanta-la, pegando logo no braço agora quebrado.

- Ai seu idiota. Aí. Meu braço dói muito. - ela disse fazendo careta.

- Me desculpa. Eu não deveria ter duvidado de você. Vem, temos que cuidar disso. – ele disse levando a menina ate sua casa.

Ela estava muito brava com o menino por ter duvidado dela, mas ela gostava de como ele cuidava dela. Era bom.

- Obrigada – ela sorriu e esse retribui o sorriso.


~SONHO OFF~


- Obrigada - eu disse em voz alta dessa vez, acordando logo em seguida.

- ? Quem é , ?- disse com uma sobrancelha arqueada. Estava fazendo trabalho de escola.

- Quem? ? Eu... Não sei - eu disse confusa. Quem era ?

- Olha lá em. Se você já tem outro cara e ainda não me contou eu...

- Ai cala a boca , não tem cara nenhum. Volta a fazer seu trabalho, volta - eu a interrompi me levantando e calçando minhas pantufas.

- Ok, não esta mais aqui quem falou - ela disse levantando as duas mãos na altura do ombro, alegando inocência.

Fiz minha higiene matinal e coloquei uma roupa qualquer.

À tarde eu tinha voltado a lembrar do beijo. De . Eu precisava contar a alguém.

- Então quer dizer que vocês se beijaram ontem... - disse em raciocínio.

- Exatamente - eu concordei com a cabeça.

- Você esta com , gosta dele, mas não tira da cabeça.

- Isso.

Um silêncio pairou em nosso quarto mais foi logo cortado pelos gritos de .

- VOCÊ NÃO TEM VARGONHA NA CARA, MENINA? JÁ NÃO CHEGA O...

- Cala a boca - eu disse pulando em cima dela e lhe tampando a boca com uma de minhas mãos.

- Você quer me ferrar? Se meus pais descobrem, eu to morta - eu disse ainda com a mão em sua boca. – Você promete que não vai gritar?-eu disse.

balançou a cabeça afirmando que sim.

- Ótimo- eu disse tirando a mão da boca dela.

- Já não chega o gostoso do não? Você tem que pegar Chicago inteira? - disse como se eu fosse a maior biscate de Chicago.

- Ahhh olha só quem fala né, a Miss Pegação. 26 não foram? - eu disse com um sorriso esperto.

- PARA ! Eu não sou mais assim. Eu mudei. - ela disse com um bico. – E foram 28 só pra você saber - ela disse rindo.

- Ai , você não presta. – eu disse e caímos na gargalhada.

- Tá mais e agora? O que faço? Eu não quero enganar o e perder ele, mais eu também não quero deixar de ter o .

- Nossa mais é gulosa né. – ela disse com as mãos na cintura.

- É sério , eu preciso de ajuda. NÃO! Pera. Já sei. Ninguém vai saber de nada. O não fica sabendo sobre o e o não fica sabendo do - eu disse como se aquela fosse a melhor ideia que eu tivesse em anos.

- Obrigada Senhora Obvio. Claro que ninguém pode saber de nada. Olha, você faz o que quiser, eu sempre vou te apoiar.

- Annnnnnw sua coisa fofa - eu disse abraçando-a. Jogamos conversa fora o resto da tarde.

Depois da janta, subimos para o quarto, onde normalmente ficávamos. Eu chamei também, pois íamos jogar twister.

- Orelha esquerda no verde - disse depois de ter rodado a roleta. Como sempre, ela não conseguia jogar por muito tempo, de forma que eu e vivíamos competindo.

- Como é que eu vou fazer isso ? Eu to longe pra caramba - ele disse em meio as tentativas fracassadas de obedecer os comandos do jogo.

- Vai logo menino, se vira - Eu disse apressando-o.

No meio do jogo, meu celular começou a tocar.

- Vê quem é pra mim ? - eu pedi.

Assim que pegou meu celular em cima da escrivaninha, perto da cama, lançou um olhar cúmplice pra mim. Era .

Fingi uma cãibra na perna direita, caindo no tapete.

- HÁ! Ganhei de novo - levantou todo feliz.

- Ok campeão, vamos comemorar assistindo O ATAQUE DOS ZUMBIS lá em baixo - disse tentando tirar ele do quarto pra eu atender o telefone.

- Mas você tem medo e...

- Vai logo - ela disse empurrando e saindo do quarto logo em seguida. Assim que a porta se fechou, eu atendi.

- Alô – eu disse como se não soubesse quem era.

- Alô, ?- ele disse

- Ahh, oi , tudo bem?

- Tudo. Err... Eu liguei por que eu preciso falar com você. Tem como você me encontrar na esquina da sua casa?

- Agora? Tudo bem, mas você espera eu me arrumar? 15 minutinhos?

- Tudo bem, até. - e desligou.

Ok, isso é estranho. Nenhuma despedida fofa? Nenhum “eu te amo”? O que será que aconteceu?

Me arrumei o mais rápido possível e inventei uma desculpa do tipo “Preciso de absorvente, vou na farmácia e já volto” pros meus pais. A do absorvente é infalível.

O carro de estava estacionado na esquina, como fora combinado. Cheguei ao carro, abri a porta, e entrei.

- Oi – eu disse sem jeito. Ele estava diferente.

- Oi - ele disse frio.

- Aconteceu alguma coisa? – eu perguntei realmente incomodada pela forma na qual ele estava me tratando.

- Vou sair da cidade - ele disse indiferente.

- Vai o que? - eu não podia ter entendido direito.

- Disse que vou sair da cidade - ele repetiu como se estivesse falando com uma criança que não sabe o porquê não pode comer doces antes do jantar.

- Mais por quê? Como? - não fazia sentido.

- Me apareceu uma proposta de trabalho melhor na cidade dos meus pais. Não tive como recusar - ele disse com o olhar fixo nos movimentos dos carros através da janela.

- E é assim? Aparece uma proposta melhor e você simplesmente me deixa? Qualquer coisa é melhor que eu? - eu disse incrédula.

- Convenhamos , você é jovem. Tem uma vida inteira pela frente. Não merece ficar com um velho como eu. Será melhor assim – ele disse finalmente mostrando algum sentimento.

- Não to acreditando nisso. É crise de meia idade? - ele só podia estar brincando.

- Não é crise de meia idade . Eu te amei. Eu ainda te amo. Mais nossos mundos são completamente diferentes. Sinto muito. – ele disse voltando à atenção pra alguma coisa do lado de fora que parecia estar mais interessante do que a nossa conversa.

Um silêncio incômodo pousou dentro daquele carro.

continuava olhando pra fora e eu joguei a minha última carta.

- Não vai adiantar eu falar que eu quero você, não é?- Eu tinha que tentar.

- Não. Sinto muito. – ele disse, balançando a cabeça de modo negativo.

- Eu também sinto muito. – disse e sai do carro.

Ele não me parou. Eu me sentia fazia.

Cheguei em casa e subi direto para o meu quarto.

- Ué, cadê o absorvente? – disse em tom brincalhão.

- Acabou. - eu me referia a mim e .

- Eu sei, não foi por isso que você saiu? Pra comprar mais? - ela disse rindo.

- Eu estou falando sério . – disse me sentando na cama.

- O que aconteceu ? – ela reparou que eu não estava bem.

- Acabou. Acabou tudo.

- Como assim? Por quê? – ela disse vindo em minha direção e se sentando do meu lado.

- Ele disse que recebeu uma proposta de trabalho. Disse que eu merecia alguém melhor. - eu comecei a chorar. - Ele é o melhor. Eu gosto dele. Ele não podia ter feito isso.

- Não acredito nisso. Calma, vem cá. – me puxou para um abraço do qual não soltou.

- Eu gosto dele . Eu gosto. – eu disse soluçando.

- Eu sei , eu sei. Você gosta. Mais não ama. Isso vai passar.

Eu separei o abraço assim que ouvi a última frase dela. Eu nunca tinha parado pra pensar nisso. Céus, eu não o amava. Por que doía tanto?

Será que eu amei alguém. ESPERA. Eu amei. E foi .

Ei, eu ainda tinha .


Betado por @nadynhasilva

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